Até o fim deste ano, produtoras independentes podem cadastrar projetos para serem veiculados nas múltiplas plataformas da Empresa Brasileira de Comunicação, a EBC. Com o objetivo de fomentar esta indústria em franco desenvolvimento, a companhia de mídia estatal dedica espaço as novas empresas e já apresenta bons resultados.
Após seis anos do chamado “Banco de Projetos”, já foi possível levar diversos programas no ar. “A tendência é que seja uma linha crescente de coprodução na empresa”, diz Rogério Brandão, diretor de produção artística da EBC.
A ideia de criar espaços de exibição para a produção independente está definida nos principais objetivos da companhia, conforme determina a lei 11.652/2008, que garante uma cota de tela obrigatória de 5%. “Em 2013, 22% do conteúdo que veiculamos na TV Brasil foi composto de obras independentes, ou seja, um incremento de mais de 400% da meta estabelecida pela cota. Essa é uma perspectiva muito importante, já que a presença do conteúdo independente imprime uma diversidade essencial para a construção dos valores culturais da sociedade”.
Paralela à iniciativa, em parceria com a Ancine a EBC realizará a partir de 2015 a divulgação de editais para a produção independente com auxílio de emissoras do campo público. As regras e os termos dos editais em questão ainda estão em fase de elaboração, mas serão destinados 60 milhões a projetos regionais. “A regionalização é outro desafio que nos propomos a enfrentar, junto com demais parceiros da Rede Pública de Televisão e da produção independente”, afirma Brandão.
Banco de Projetos apresenta temas
Com o financiamento de até 25% dos custos de iniciativas, o Banco de Projetos deste ano destaca em seu edital temas em evidência no cotidiano, como os grandes eventos que o Brasil deve receber nos próximos anos – Olimpíadas e Paraolimpíada. Ele ainda pretende fornecer espaço para conteúdos voltados ao público infantil e infanto-juvenil, além dos que tratem com atenção a questão da Mobilidade Urbana, da Ecologia e da História do Brasil. O resultado das avaliações final sai no primeiro semestre de 2015 e compreende todos os veículos da Empresa Brasileira de Comunicação.
Com objetivo de investir na produção independente para a realização de conteúdos artísticos, educativos, culturais ou jornalísticos, o Banco de Projetos aprovou cinco proposta na última edição e tem produções a serem desenvolvidas nos próximos meses. “A iniciativa ainda é jovem, como a própria TV Brasil (com pouco mais de seis anos de idade). Estamos na segunda leva de projetos selecionados. Este ano já iniciamos a contratação de outros seis. Ainda é um universo restrito dentro do conjunto de coproduções que administramos (cerca de 40 por ano)”, diz Brandão.
Entre os projetos que tiveram uma boa repercussão, está o primeiro veiculado pela TV Brasil, o “BR 2014 – A Rota dos Imigrantes”. Trata-se de uma série de 16 episódios veiculados durante a Copa do Mundo. Cada capítulo trazia um personagem descendente ou imigrante de um dos países que disputaram o Mundial. Eles eram apresentados e mostravam uma colônia de seu país no Brasil. Os demais produtos da iniciativa devem ser lançados no segundo semestre. Para selecionar as propostas, a EBC faz comitês internos, que avaliam cada um dos critérios do edital.
“Desde a aprovação do roteiro até a revisão das peças temos participação de forma a garantir que o conteúdo saia com qualidade e dentro dos princípios com os quais trabalhamos. Reunimos diversos especialistas da empresa nas áreas que avaliam o conteúdo, o artístico, a adequação às grades de programação, o potencial multiplataforma, as perspectivas de ampliação da circulação e da geração de parcerias e receitas. Após a seleção por essa comissão especial, elas seguem para o Comitê de Programação e Rede, que é a instância interna máxima de aprovação de novos conteúdos”, afirma.
Neste ano, a empresa espera mais projetos com potenciais de serem aprovados, uma vez que ela divulgou os critérios de avaliação antecipadamente para dar mais tempo aos candidatos. “Nossa expectativa é que os projetos venham mais focados dentro das demandas que apresentamos”.
Nos pontos destacados pelo edital, estão os temas que a companhia pretende trabalhar, visando facilitar o processo de decisão. “Na última seleção nos debruçamos sobre mais de 100 projetos. Também esperamos ampliar o investimento para este ano, mas ficamos na dependência dos cortes orçamentários da União. De qualquer forma, nossa expectativa é de pelo menos dobrar o investimento deste ano, que foi de 2,3 milhões (em 2013 investimos 1,6 milhões)”, conclui.
Mercado de produção de conteúdos
Na visão de Rogério Brandão, diretor de produção artística da EBC, o mercado de produção independente no Brasil teve como grande impulsionador a Lei 12.485/11, que além de criar cotas de conteúdo brasileiro e independente na TV paga, quadriplica a presença de obras com essas características. “Além disso, a arrecadação para o investimento no setor cresceu 17 vezes (dados da Ancine). Esse foi um passo bem importante, já que mesmo com um investimento grande por parte do estado via recursos incentivados a produção nacional ficava restrita às salas de cinema”.
Na opinião do diretor de produção artística da EBC, a TV aberta sempre trabalhou num modelo de verticalização total do processo produtivo, produzindo tudo internamente e licenciando conteúdos estrangeiros. “Essa lógica não se alterou muito e é justamente a TV Pública que se apresenta como uma janela gratuita para que a população brasileira tenha acesso às produções independentes”, completa.
Conheça os critérios e o temas do edital
Com o objetivo de facilitar o meio campo entre os anseios de programação da empresa estatal e dos produtos independentes, o edital contém informações que ajudam o candidato a saber como pode se dar bem na avaliação de sua proposta. Confira:
Missão: avaliar pertinência do projeto com os objetivos elencados no § 3º da Lei 11.652/08.
Modelo de negócios: avaliar as vantagens patrimoniais, de exibição e comerciais da proposta a partir do custo.
Convergência com outros meios e plataformas: avaliar recursos multimídia e possibilidades multiplataforma incluídos no projeto
Priorização de animações seriadas, séries documentais, dramatúrgicas e show de realidade: avaliar o gênero da obra, a partir da priorização de obras de animação, documentais, dramatúrgicas e shows de realidade.
Obras independentes (Produtora independente com 51% do patrimônio): avaliar o caráter independente da proposta, atentando para a proporcionalidade do investimento e da participação patrimonial.
Foco temático – Ecologia e sustentabilidade: privilegiar conteúdos que proponham a integração dos interesses econômicos, sociais e culturais da sociedade à preservação da biodiversidade e dos ecossistemas.
Foco temático – Mobilidade urbana: privilegiar conteúdos que analisem o acesso a diferentes pontos das cidades (incluindo o local de trabalho), aos serviços públicos e ao meio ambiente.
Foco temático – Infantil: privilegiar conteúdos para crianças.
Foco temático – Infanto-juvenil: privilegiar conteúdos para pré-adolescentes e adolescentes.
Foco temático – História do Brasil: privilegiar conteúdos que falem sobre a história do país.
Foco temático – Olimpíada e Paraolimpíada: privilegiar conteúdos sobre os dois eventos.
Alinhamento entre proposta, objetivos, orçamento e cronograma: a partir da sinopse dos episódios, avaliar tecnicamente se a proposta tem coerência com os objetivos descritos, adequação e viabilidade financeira e logística.
Ineditismo na grade da TV Brasil e na televisão aberta em geral: avaliar se a proposta, em comparação à própria TV Brasil e outras emissoras abertas, é um produto novo.
Parcerias e outros investidores: avaliar se há parceiros nacionais e internacionais que contribuam para a viabilização e visibilidade do produto no Brasil e no mundo.
Currículo da proponente: avaliar a qualidade de outros trabalhos já realizados pelo proponente.
Inscrições
Para se inscrever, o interessado deve se cadastrar no site oficial da EBC e criar um login e uma senha; em seguida, o projeto deve ser submetido em formato pdf, com as informações solicitadas. Para mais informações, acesse a página oficial do Banco de Projetos 2014/2015 da companhia.
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Christh Lopes*
* Com supervisão de Vanessa Gonçalves