Data: 14/10/2024
Veículo: Valor Econômico
Kantar Ibope Media contesta dados do YouTube, segundo os quais a plataforma seria mais vista que as emissoras de TV aberta no Brasil
A Kantar Ibope Media contestou dados publicados pelo YouTube, segundo os quais a plataforma de vídeo online seria mais vista que as emissoras de TV aberta no Brasil. Dados atribuídos à consultoria foram divulgados pelo Google, que controla o YouTube, em um evento ao mercado publicitário no dia 9. A Kantar Ibope informou que o número se baseia no Target Group Index (TGI), de análise de comportamento do consumidor, e não se trata de audiência. Esse indicador se baseia em enquetes e dados declarados pelo consumidor. A audiência é medida segundo critérios do Painel Nacional de Televisão e do Cross-Platform View, que são auditáveis.
Na nota, a Kantar Ibope Media destaca três pontos em relação a reportagens sobre o assunto. O principal, de que “há mais adultos com 18 anos ou mais assistindo ao YouTube em uma semana regular do que em cada uma das cinco principais emissoras de TV aberta”, é o que se refere ao TGI, que não reflete a audiência. O TGI é uma pesquisa feita com 24 mil consumidores, que respondem a perguntas sobre hábitos de consumo de vídeo: por exemplo, em que plataforma preferem ver esportes ou filmes. Essas informações não são auferidas e não servem para medir audiência.
Sobre a informação de que “o YouTube é o streaming mais consumido nas TVs conectadas, com 57% de participação”, a consultoria esclarece que o dado exclui dispositivos como tablets, smartphones e computadores, além de outros aparelhos de TV e formas de consumo não identificadas. Já a informação de que “mais de 75 milhões de pessoas assistem ao YouTube na TV no Brasil” é um dado interno da plataforma.
Em nota, a Globo informou que a TV linear é 74,3% do consumo de vídeo no país, contra 25,7% das plataformas on-line de vídeo. A TV aberta tem 64,5% desse consumo e a TV Globo, 35,4%. “A TV Globo, sozinha, é 38% maior do que todas as plataformas de vídeo on-line somadas, abertas ou pagas, e o dobro (120%) da principal plataforma de vídeo on-line gratuita, considerando todos os dispositivos”. As informações baseiam-se em dados auditados de consumo (CPV 2023), que capturam a informação e não dependem de declaração do consumidor.
Considerando só o consumo em TV, em que a atenção é mais concentrada, a TV Globo é mais que o dobro (166%) de todas as plataformas de vídeo on-line somadas e quatro vezes maior (355%) que a principal plataforma on-line gratuita. Foram seis trilhões de minutos consumidos na Globo, mais de cinco vezes o consumo do segundo maior participante do mercado de TV e TV conectada. “A Globo também fala com mais gente. A cada semana, 136 milhões de brasileiros consomem a Globo na TV, quase três vezes mais indivíduos que o segundo colocado”. A plataforma de vídeo on-line mais conhecida leva 28 dias para alcançar o que a TV Globo atinge na TV em um dia.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) reforçaram “a necessidade de assegurar o uso íntegro de dados auditáveis e independentes para criarmos padrões seguros de comparação das medições de audiência do meio TV e das plataformas digitais”. As duas já convocaram o mercado publicitário para debater alternativas de integração de métricas. O trabalho está em andamento no Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário (Cenp). O YouTube disse que “tem utilizado dados da Kantar Ibope Media sobre audiência, que, conforme divulgamos, mostram como o YouTube está bem posicionado no consumo domiciliar de vídeo.” Segundo a empresa, a plataforma tem “a maior participação entre os streamings, com crescimento constante, o que nos coloca em posição relevante na comparação com os canais de TV aberta e fechada.”
