O IBOPE já está em campo na cidade de Rio Verde (GO), fazendo uma nova pesquisa, para apurar qual foi o comportamento da população nesses últimos dias, quando acabou não ocorrendo o desligamento da TV analógica ontem, dia 29 de novembro, como estava previsto.
O presidente do Gired (grupo que coordena a transição da TV analógica para a digital), Rodrigo Zerbone, não considera o processo fracassado pelo fato de não ter havido o desligamento na data programada. Ao contrário, afirmou, “é um projeto piloto e um processo de aprendizagem, que já ensinou muito”, completa o conselheiro da Anatel. Ele disse, por exemplo, que o sistema de distribuição do conversor às famílias cadastradas no Bolsa Família foi muito bem sucedido, e chegou a alcançar 78% da base listada.
A sua expectativa é que, entre a data da última pesquisa realizada – que apontou que apenas 69% das residências da cidade estavam aptas a receber o sinal digital, impedindo, assim, a decisão pelo desligamento do sinal analógico-, e a pesquisa desta semana, haja um aumento acentuado de casas com o seu aparelho de TV digital. “Em alguns países, houve um aumento de até 20% na última semana”, afirmou. Segundo ele, nesses últimos dias, chegou a faltar o conversor da TV analógica nas lojas da cidade.
Para Zerbone, contudo, mais do que projetar quando haverá de fato o desligamento da TV analógica em Rio Verde, o mais importante é analisar o comportamento da população nessa última semana e apurar as iniciativas de intervenção na programação mais intensas que começaram a ser implementadas.
Mas o conselheiro disse que tanto o governo quanto a Anatel preferiram não publicar qualquer portaria sobre como deveria ser a intervenção na programação das emissora de Rio Verde a partir de hoje, para poder lidar com mais flexibilidade no processo.
“Haverá mais telas pretas, à medida que forem avaliadas as necessidades”, afirmou. As operadoras de celular defendiam (e a Anatel também chegou a propor) uma intervenção bem mais dura sobre a programação -com vários minutos por dia de tela preta – para “estimular” de maneira mais veemente a migração para os aparelhos digitais.
Ele explicou que na última pesquisa, o percentual de residências aptas subiu de 62% (conforme a pesquisa a que o Tele.Síntese teve acesso) para 69% porque foram consideradas as casas com telas planas, pois ficou constatado que a grande maioria desses aparelhos já vêm com conversor digital embutido. Outra reivindicação das teles, de considerar as residências que têm mais de duas TVs, sendo de um com antena específica para TV aberta como atendida (o que aumentaria o percentual para 77%), foi adiada.
Novo Cronograma
A decisão mais difícil, porém, será tomada também na próxima semana, pois implicará ampla mudança no cronograma de implementação da TV digital, com o adiamento de sua plena implementação. A proposta da Anatel, que se aprovada pelo Gired, terá que ser aprovada pelo MiniCom, e demandará um novo decreto Presidencial, é de que na maioria das cidades brasileiras a TV analógica só seja desligada até 2023, e não mais em 2018, como estava previsto.
Em contrapartida, seriam liberadas até 2018 todas as capitais e principais regiões metropolitanas de todo o país, o que implicará numa grande reengenharia e redistribuição de muitas metas.
Brasília, cujo desligamento está marcado para o final de abril, já começou com a sua campanha de TV. Mas deverá ter a data adiada para o segundo semestre. A conferir nas próximas semanas.