Data: 01/03/2023
Veículo: Valor Econômico
Durante evento em Barcelona, Viana defendeu que o Brasil priorize a atração de empresas de base tecnológica, inclusive os fabricantes de componentes eletrônicos.
Por Rodrigo Carro, Valor — Barcelona
Presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o ex-senador Jorge Viana, afirmou nesta quarta-feira (1) que as grandes plataformas digitais (as chamadas “big techs” ) devem contribuir de alguma forma para o desenvolvimento da infraestrutura de telecomunicações no país, uma vez que “ganham muito dinheiro” com a prestação de seus serviços via internet.
Viana esteve pela manhã no estande do Brasil na feira Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, para participar do lançamento do estudo “F5G – O Brasil Conectado”, desenvolvido pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) em conjunto com a Huawei e a consultoria Teleco.
Na visão de Viana, que entre 2017 e 2018 foi membro titular da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática no Senado, é preciso “cobrar dos grandes usuários dessa infraestrutura”. “Se não for feito isso, acredito que a conta não vai fechar”, disse o presidente da ApexBrasil, numa referência à necessidade de investimentos pesados por parte das operadoras para expandir e modernizar suas redes. “A Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] pode fazer a regulação disso [cobrança]”, sugeriu.
Viana fez uma analogia entre a infraestrutura de rede e um autoestrada com várias pistas: “Tem quatro pistas numa autoestrada, eles [grandes geradores de tráfego on-line] ocupam três e nós ficamos espremidos em uma. Ganham muito dinheiro e não pagam nada.”
Durante o evento, Viana defendeu que o Brasil priorize a atração de empresas de base tecnológica, inclusive os fabricantes de componentes eletrônicos. O presidente da ApexBrasil citou como exemplo a ilha de Taiwan, que têm uma população de 23,5 milhões de habitantes e um saldo positivo de US$ 80 bilhões na balança comercial com a China, segundo ele.
O estudo lançado nesta quarta-feira traz recomendações para a expansão do serviço de banda larga de última geração no Brasil. Entre as recomendações listadas no documento, já apresentado à Anatel, estão a regulação do compartilhamento de infraestrutura e a criação de um mecanismo para medição da experiência para redes de banda larga fixa.
Foto: Selwyn van Haaren/Unsplash