Para atender à demanda de Wi-Fi e TV ao vivo a bordo de aviões nas Américas, a Panasonic Avionics assinou um contrato com a operadora de satélites SES. Outro acordo foi firmado entre a SES e a Gogo, para acesso a internet. As duas integradoras de sistemas compraram capacidade nos satélites SES-14 e SES-15, que serão lançados até o segundo trimestre de 2017.
Os acordos incluem capacidade de dados, para internet, e feixes amplos, de cobertura maior, para transmissão de TV ao vivo para as aeronaves. A tecnologia permite tanto TV aberta quanto a cabo, mas nesse caso com limitação de 20 a 30 canais. Também estão previstas aplicações fixas para redes de dados convencionais, como o mercado de óleo e gás, e móveis terrestres, como trens.
No caso da indústria aeronáutica, o conceito de “empresa aérea conectada” tem ganhado força lentamente, o que pode ser atribuído aos elevados custos do serviço e à baixa qualidade da transmissão. Mas os passageiros, principalmente da “business class”, são exigentes e não querem ficar desconectados do que está acontecendo no mundo mesmo durante os voos. Eles querem conectividade de rede do nariz à cauda da aeronave, em alta velocidade e a preços razoáveis.
“Os passageiros não aceitam mais pagar muito por acesso limitado”, disse ao Valor Jurandir Pitsch, vice-presidente de vendas da SES para América Latina Sul. A capacidade mensal inicialmente deve ser em torno de 100 gigabytes por segundo por aeronave.
A Panasonic Avionics é uma unidade americana da japonesa de eletrônicos Panasonic e está no topo do mercado em aviões equipados com Wi-Fi, a banda larga sem fio. A Gogo lidera o provimento de serviços de conectividade em banda larga e entretenimento wireless no setor aeronáutico. O valor dos contratos não foi revelado.
“Esses satélites foram desenhados para aplicação aeronáutica de alta velocidade”, disse Pitsch. Além disso, o executivo disse que o custo por megabit transportado é menor em relação ao que está disponível nos satélites atuais. A oferta de internet deverá custar 60% a menos para os integradores, que atendem diretamente as aéreas.
A maior parte do acordo visa o mercado americano, embora o SES-14 cubra também a América do Sul, inclusive o Brasil. Segundo Pitsch, o passo seguinte das aéreas será expandir o atendimento à região. Para isso, a SES Brasil precisará instalar a infraestrutura terrestre que dará suporte às empresas, de modo a assegurar a manutenção da conectividade na rota Sul.
A SES vai construir no Rio de Janeiro ou em São Paulo seu primeiro teleporto da América Latina, composto de antenas, centro de controle e sistemas de comunicação do satélite com as aeronaves e outros clientes, e integração à rede mundial.
Essa infraestrutura foi imposta como obrigação pela Agência Nacional de Telecomunicações, no ano passado, quando a SES comprou uma posição orbital em leilão para lançar um satélite com cobertura para o Brasil, onde já tem escritório. A implantação de um teleporto custa entre US$ 12 milhões e US$ 15 milhões, calcula o executivo.
A SES tem 54 satélites em órbita e seis em fabricação. O SES-12 (cobertura à Ásia) e SES-14 serão fabricados pela Airbus, e o SES-15 pela Boeing. Todos terão operação mista em bandas Ku e Ka. É a tecnologia da banda Ka que permite conexão de internet em maior velocidade e menor custo.
Valor Econômico