Eron Vasconcelos Carvalho é mais conhecida como Tia Eron. Natural de Salvador, foi eleita deputada federal com 116,9 mil votos e atualmente é presidente estadual do Partido Republicano Brasileiro na Bahia. Sempre militante e aguerrida na defesa incansável pelos direitos das mulheres e dos negros, Tia Eron fala com simpatia sobre a sua atuação no Congresso Nacional.
Quais causas sociais têm o seu apoio?
A nossa trajetória na Câmara Municipal reflete na Câmara Federal. Óbvio que quem olha para mim vê uma mulher, negra. Um dos pleitos que buscamos tratar aqui é a criação de uma Comissão, que pode até nascer provisória, mas que ela tenha uma permanência, que vai funcionar como instrumento para discutir as questões raciais. Eu não entendo como um Congresso que tem competência e a capacidade de elaborar e aprovar um Estatuto da Igualdade Racial, não consegue criar uma Comissão para dar continuidade a esse debate. Quando se fala da redução dos Ministérios, por exemplo, toca nessa parte sensível e toca naquilo que estão chamando de nova ordem mundial. Em qualquer lugar do mundo que você for, vai se discutir sobre a questão racial e de etnia. Ou da questão da mulher. Então, essas são as bandeiras que não posso deixar de levantar no Congresso, gênero e raça, precisamos discuti-las.
Quais são os principais desafios de ser Presidenta Estadual do PRB na Bahia?
Um dos principais desafios é fazer com o que os outros presidentes estaduais entendam o que é hoje o PRB. O PRB não é um partido qualquer, e quem diz isso são os dados, que não podem ser contestados. É o único partido que cresceu nas últimas eleições, e eu até acho isso ruim. É o único partido ficha limpa. Isso é ruim para a nação? É. Isso desmoraliza a nossa política? Sim. Mas é a verdade. O principal desafio, então, é fazer com que os outros líderes estaduais e municipais tenham essa percepção e cresçam junto com o partido.
Deputada, como a senhora se sente sendo relatora de um projeto tão importante como o PL 5.555/2015 que trata sobre condutas ofensivas contra mulher na internet?
É muito honroso para mim ser a relatora de um projeto como esse. Como eu disse, esse assunto me diz respeito. E fico muito feliz de ver que partiu de um homem a criação do projeto, o deputado autor João Arruda. Ele teve uma sensibilidade e percepção muito grande. Junto ao projeto temos mais 6 apensados, já fizemos duas audiências públicas, para que a relatoria abrangesse a demanda das mulheres. A gente sabe que as vítimas em maioria são mulheres, mas o projeto também abrange os portadores de necessidades especiais e as relações homoafetivas, porque ter a sua vida exposta na web, não tem volta. Estamos discutindo o lapso do tempo para o conteúdo ser retirado da internet a partir da queixa da vítima. O projeto visa justamente assegurar os direitos das mulheres, principalmente. Temos dados, por exemplo, de que 60% das mulheres que deixaram ser filmadas em momentos íntimos, fizeram pela confiança no parceiro, que ao término do relacionamento divulgou as imagens ou vídeos. E essa pessoa tem que ser punida, ela não tem o direito de expor outra pessoa dessa forma, porque o Brasil perde força de trabalho das mulheres expostas. Outro exemplo, são os adesivos nos reservatórios de gasolina com a imagem da presidenta Dilma Rousseff. Aqueles adesivos têm que ser retirados sim, e os autores devem ser punidos. Não se pode expor uma mulher, por mais pública, daquela forma. O projeto vai garantir todos esses direitos.
Por Marcela Oliveira
Assessoria de Comunicação da Abratel
Foto Luiz Macedo
